segunda-feira, 23 de julho de 2012

Ecorrida: dentro do esperado

Apesar das diversas restrições que já coloquei para participar das provas da Yescom, resolvi dar mais uma chance e me inscrevi na Ecorrida que aconteceu neste último domingo na USP. Permaneço evitando as provas onde aquela emissora de TV que não tem nada a acrescentar na vida das pessoas mete o nariz, e por ser uma prova pequena, esta era ideal para ir lá para fazer o que deve ser feito em uma corrida: correr, ao invés de ficar saltitando feito um macaco na frente das câmeras da TV. Com as opções de 5K, 10K ou revezamento em equipes de 6 atletas, optei por fazer a parte solo de 10K, já que não dava tempo de montar uma equipe no curto período de tempo entre a decisão de participar e a inscrição.

O preço, comparado ao das demais provas da atualidade, era bem convidativo: R$ 40,00. Acontecendo basicamente na raia olímpica da Cidade Universitária, o percurso só não é mais plano devido às lombadas. Ou seja, perfeito para acelerar ao máximo e quem sabe até diminuir o tempo na distância. Não fosse, é claro, uma decisão difícil na véspera: manter o treino insano de bicicleta já previsto ou descansar e tentar bater o relógio. Escolhi a primeira opção e fui rodar meus 75 Km planejados para o dia, já sabendo que a performance do domingo estaria comprometida. Eu não me importo com recordes, e pular treinos previstos me dá nos nervos, me sinto um inútil irresponsável, então achei melhor seguir o planejamento. As pernas até que estavam com fome de asfalto no dia seguinte e prontas para correr, mas a lombar estava tão flexível como uma tábua de passar roupas. Mesmo assim, o tempo final de 01:00:53 até que me agradou, geralmente eu faço a distância em ritmo um pouco mais devagar.

Não tenho reclamação quanto à prova, achei que até estava bem organizada, com muitas informações aos corredores no sistema de som antes da largada, bom estacionamento da USP e kit simplório mas bem organizado, composto de camiseta, chip descartável, guloseimas e um pequeno chaveiro lanterna do patrocinador, a OAB. E é claro, a gafe de sempre nos suplementos: quando não é Whey Protein para maratona, é gel de carboidrato para prova de 5 Km. Bom, foi para a sacolinha de reservas, é claro. O kit pós-prova também foi simplório, com torrone, barrinha de cereal, Gatorade e medalha. Quer saber, prefiro assim, não preciso de mais tralhas de corrida, paguei pela prova, não por mais quinquilharias nos armários.

Os únicos pontos a comentar dizem respeito à troca de local de entrega do kit na véspera (para mim foi até melhor, mas já estava no regulamento o outro local) e as informações incorretas sobre o acesso à Cidade Universitária. Veja as bobagens:

No regulamento dizia...

"A organização informa as melhores alternativas de acesso ao local da prova:

a. Portaria 02 – Av. Escola Politécnica
b. Portaria 03 – Av. Corifeu de Azevedo Marques
Atenção - A portaria 01 estará interditada no dia da prova."

... mas a realidade era esta:

"a. Portaria 02 – Av. Escola Politécnica - FECHADA
b. Portaria 03 – Av. Corifeu de Azevedo Marques - GUARDA NÃO DEIXOU ENTRAR
Atenção - A portaria 01 estará interditada no dia da prova. - ÚNICO ACESSO ABERTO"

E também informava:
Obs. O atleta não é obrigado a seguir essa dica, pois a mesma é sugestiva, eximindo a ORGANIZAÇÃO de qualquer tipo de responsabilidade.

Se eu não conhecesse o caminho para dar a volta ou não estivesse de carro ou pior ainda, estivesse atrasado, teria perdido a largada da corrida. É o tipo de coisa que tem que estar fechado com o local da prova, não pode ser feito às cabeçadas, afinal o acesso não é tão simples assim para quem tem que dar a volta na região toda só para acessar outro portão.

O mais divertido para mim foram os metros finais da prova. Estava apertando o ritmo na segunda metade e passei duas vezes por uma garota alta no Km 8 (chamou a atenção pela cor da roupa diferenciada) e no Km 9 ultrapassei um tiozinho baixinho de cabelos grisalhos que pareceu não gostar muito da ideia. O cidadão apertou mas não me alcançou. Quando estava nos 200 metros finais, ambos passaram por mim emparelhados, quase que para provocar. Não me provoque, eu não reajo muito bem. Apertei o passo e na curva 180 graus que dava acesso aos 50 metros finais, o tiozinho enganchou na grade, a garota errou a curva e eu passei pelo meio dos dois, numa manobra no melhor estilo Tom Cruise em Top Gun. Mandei apertar os cintos e colocar as poltronas na posição vertical, recolhi o reverso da turbina, desci a mão no manete de potência e acelerei o que dava. O tiozinho ainda chegou perto, mas não deu pra ele. Mesmo assim, estão de parabéns, pegaram pesado no final.

Participar de uma prova da Yescom não é o fim do mundo, a empresa até que se esforça para organizar bem, apenas alguns pequenos detalhes ainda precisam ser melhor trabalhados. Resumindo, relação custo benefício desta prova: ótima.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Balanço final da Maratona do Rio 2012

E aí, já desceu as cataratas num barril? Eu não, mas já completei com muita chuva a Maratona do Rio! Deveria ter publicado na semana passada, mas compromissos diversos impediram que eu terminasse o texto, sem contar as palhaçadas no Photoshop. Afinal, maratona não é corrida de final de semana, não se deve fazer muitas por ano, então ainda está em tempo. Apesar de ficar 3 dias no estaleiro, só recuperando o esforço do domingo, na quinta eu já estava pronto para reiniciar as atividades físicas e a melhor opção foi a piscina. Coisa leve, 40 voltas de 50 metros, uns 2.000 metros ao final, só para soltar a musculatura. No sábado, 60 Km de bicicleta, só para saber se eu havia esquecido como é pedalar, e no domingo um passeio ciclístico. Pronto, voltamos à insanidade normal.

Exageros à parte, estou satisfeito com as dores que vieram logo após a prova e que neste pequeno período já fazem parte do folclore de mais uma participação na distância que ainda faz muita gente tremer nas bases. E que continue assim, não é algo que se faz sem planejamento e treino.

São tantas emoções...

Apesar de já ter lido quase todos os relatos (faltam alguns), fiquei muito contente com as diversas estórias de dores, superação, emoção e mais uma porção de doideiras que os amigos blogueiros relataram. Estão todos de parabéns, não importa o resultado ou se superaram suas marcas. Foi como ver a prova novamente, mas em outras velocidades e ângulos, coisa que fazemos sempre nas corridas que participamos e nos encontramos, mas dada a distância da prova, os novos pontos de vista são muito interessantes.

As meninas do Leblon não olham mais pra mim

Aliás, elas não olharam pra quase ninguém, pois o tempo feio fez com que o carioca ficasse em casa naquele dia chuvoso. Afinal, ir para praia com chuva é coisa de paulista, só para “não perder a viagem”, e já que eles tem o resto do ano para curtir o mar, pra que ficar todo molhado e com frio naquele tempo? Muitos colegas lamentaram em seus relatos não terem o público para incentivar, mas eu não faço muita questão desta parte. Claro que é legal quando eles estão lá, mas eu corro bem sem isto também.

Minha avó já me dizia pra eu sair sem me molhar

Lenda urbana. Não conheço ninguém que tenha ficado doente depois do aguaceiro da prova.

Ô motorista, vai descer!

O único ponto a melhorar, que é unanimidade entre os corredores, é a forma de transporte para o local de largada da prova. Por ser bem distante do centro do Rio, a organização disponibiliza transporte especial para levar os corredores, além das equipes que vão com seus próprios fretamentos. Porém todo ano sempre rola uma reclamação básica de motoristas que se perdem, trânsito impedido em algumas vias e até blitz da lei seca rolou neste ano, tudo para causar stress em quem vai correr 21 ou 42 Km. Sugestão: basta uma dúzia de pessoas do staff espalhadas pela avenida paralela à praia, devidamente instruídas e visíveis à longa distância para indicar o caminho para os motoristas perdidos.

It’s raining, man!

Sei que muito treinador X, Y ou M não aprova o uso de música, e o que eu tenho a dizer a estas pessoas é simples: cuidem de suas respectivas vidas, eu não sou aluno de vocês. Eu ouço música sim durante treinos e provas, estou acostumado com isto e não sou atleta profissional para ter que ficar “focado no percurso” a ponto de não ter o auxílio sonoro para minhas passadas. É claro que treinar na rua com música é perigoso, mas eu redobro a atenção, abaixo o volume e corro sempre no sentido contrário ao trânsito. Só que no meio do meu playlist da Maratona do Rio eu coloquei por acidente o hit boiola “It’s raining man”, que tocou em um dos trechos de chuva. Antes que começasse a correr de forma afrescalhada, pensei na letra da música como algo do tipo “It’s raining, man!” (detalhe para a vírgula).

É só uma lembrancinha...

Aliás, não faltaram lembrancinhas da prova. O kit recheado de bugigangas com o logotipo do evento, para você ostentar na academia, rua, em qualquer lugar, já seria suficiente. Nos dias que se seguiram à prova, corredores receberam e-mails de agradecimento, incentivo e até a possibilidade de baixar fotos em boa resolução para colocar em redes sociais ou como plano de fundo de suas telas. Não lembro de ter recebido nem um “muito obrigado por não morrer pelo caminho” da organização da Maratona de São Paulo.


Ai se eu te pego!

Mas não vai, pelo menos é o que eu e muitos esperam. Existe uma empresa do mundo das corridas que vive querendo botar a mão nesta prova, e dada a influência que uma certa rede de TV tosca e inútil tem sobre esta empresa, seria a morte de um evento bem dimensionado e extremamente bem organizado. Que não aconteça, que os organizadores, que estão de parabéns em todos os aspectos, nunca se vendam para este comércio inútil de patrocínio, o que levaria o horário de largada para valores absurdos, sem contar o número inflacionado de inscritos (números falsos seriam exibidos, como de costume).

Maratona só no ano que vem

Ou não. Dá tempo de pensar em Curitiba ainda...

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Rio +42: Como Água!

Fale o que quiser, mas recorde é recorde: e 4 horas, 59 minutos e 14 segundos é menos que 5 horas sim! E este foi o meu tempo líquido na Maratona do Rio de Janeiro 2012, alto, mas quero ver quem é “macho” de enfrentar 42 Km e 195 metros em pé, sem caminhar e ainda conversar boa parte do percurso, sendo que este foi pontuado por fortes ventos e chuva torrencial em diversos pontos. Porém a prova é tão boa, tão boa, que você até supera as dificuldades com mais facilidade.

O fato é que a cada ano a organização desta prova melhora, aumentando o número de inscritos e surpreendendo cada vez mais o corredor com a sua estrutura. Tem organizador (e eu não vou dizer o nome, mas você já sabe) que deveria
aprender como se faz uma prova deste porte, do bombardeio de mensagens por e-mail aos corredores durante a semana que antecedia o evento, dando dicas, incentivando, provendo informações, até o momento em que os concluintes passam pelo pórtico de chegada. O kit sensacional foi composto por sacolinha, squeeze, boné, revista informativa, sacola para o guarda-volumes, chip descartável (com instruções) e número de peito. Afinal, quem precisa de Whey Protein e Capuccino na véspera da prova? Apesar de passar na feirinha apenas para bisbilhotar no stand da Olympikus, achei que poderia ter mais alguns stands, além de precinhos um pouco mais camaradas da marca.

Mais uma vez fechei o pacote com o pessoal da Equipe de Corredores Tavares, sempre muito organizados e com toda
a estrutura pronta para levar e hospedar os atletas na Cidade Maravilhosa. No sábado, ao chegar ao Rio um sol já rasgava as nuvens e o jeito foi aproveitar o dia dando uma passadinha no Pão de Açucar, passeio incrível, mesmo para quem já foi algumas vezes. E se no domingo sair um sol desses? Danou-se, vai fritar cabelo, boné, cérebro...

Domingo, 04:00 da manhã, o despertador toca

Café da manhã às 04:30, pessoal dos 21 Km no primeiro ônibus em direção à Barra da Tijuca e os loucos dos 42 Km rumo ao Recreio dos Bandeirantes no outro fretado. No caminho o tempo já mostrava sua cara feia, com forte garoa e ventos na orla, ou seja, o tal sol foi embora, para nosso alívio. Tirei mais um resto de cochilo e aproveitei os 45 minutos que ainda faltavam para a largada. Encontrei os colegas Tutta do Correndo Corridas e o grande Jorge do JMaratona e assim que nos posicionamos na largada identifiquei os marcadores de ritmo, sendo que o mais próximo indicava na camiseta o pace de 07:00 minutos/Km, um pouco acima dos 06:45 que eu pretendia no primeiro trecho, mas achei melhor contar com a experiência deste corredor. Dada a largada, nem parecia que aquele povo estava prestes a encarar 42 Km de asfalto, vento e chuva, todos na maior alegria, coisa que só corredor entende. No meu playlist, iniciamos com Carruagens de Fogo e logo na sequência One Vision do Queen. Perfeito, o cara de 07:00 min/Km vai ser meu wingman por um bom tempo do voo.

Lá pelo Km 5, quando eu não aguentava mais as pessoas passarem pelo marcador e perguntar se a camiseta era “séria”, eu que controlava o meu ritmo percebi que realmente ele estava lá para aquilo, comemorando cada passada pelas
placas por estar “cravado”. Conversamos um pouco e ele explicou que a equipe de marcadores de ritmo era formada por corredores da assessoria Sul Carioca, que haviam treinado muito e sabiam controlar seus paces. Este corredor, Marcos, me acompanhou a maior parte do percurso e conversamos pra caramba, sujeito totalmente gente fina! Encontramos mais a frente a outra marcadora de 07:00 min/Km, a Cristina, ultramaratonista que só tem 27 anos de passadas como experiência. Advinha, mais um carioca incrível, que conversou muito e me ajudou muito especialmente nas subidas do Joá e da Niemeyer. Dispersamos em alguns pontos, nos encontramos novamente, e eles naquela passada constante... tenho que aprender a fazer isto algum dia!

E a chuva ia e voltava, às vezes garoa, às vezes só vento frio e em alguns pontos o bicho pegou de verdade, lavando até os ossos. O incrível da prova foi a hidratação farta e Gatorade a cada 5 Km. Como eram distribuídos em saquinhos, eu fui no melhor estilo “Saga Crepúsculo” e cravei os dentes no plástico para ingerir o líquido dos deuses em uma prova longa. Nada de gel, nem na organização nem na minha “caçamba”, uma pochete que transportava bolachinhas, biscoitos e até balas de goma, tudo para evitar aquele shampoo aromatizado que os corredores tomam e que não me cai nada bem no estômago.

46 segundos para o fim do mundo


Meu ritmo só foi cair um pouco, obviamente, na subida de Niemeyer e após o Km 34 em Copacabana, depois uma lavada de água por todos os lados embutida em uma ventania.Aliás, o vento me empurrou tanto que cheguei a fechar o Km 32 em 05:40! O motor estava próximo de superaquecer e eu quase joguei o relógio fora. Queria terminar em menos de 5 horas e não parava de fazer contas Km X Ritmo. Do pórtico do Km 40 até a chegada foi uma das piores batalhas mentais que eu já travei, o corpo mandava parar pois estava a 115% da capacidade e o cérebro não queria ver o número “05:” no relógio. Quando embiquei no funil de chegada parecia que esticavam o asfalto cada vez mais, esquece o relógio, acelera, aperta, desliga os alarmes, puxa o ar e... para o cronômetro! Total: 04:59:14. Apesar de não ter visto o tempo oficial ainda, meu relógio não costuma mentir, pelo menos para baixo.

Missão cumprida, novo recorde pessoal nos 42K! E sem andar, sem caminhar, sem parar pra nada, só dei dois passos para o lado quando um cara pegou as frutas do Km 35 e parou na minha frente. Mais uma vez, um velho problema masculino: mamilos sangraram no atrito da camiseta, mas isto fico para outro relato. Medalha linda, vai ser difícil outra superá-la. Infelizmente eu não tirei foto com meus amigos marcadores de ritmo que encontrei ao final e vieram perguntar se eu havia quebrado meu recorde, sendo que a Cristina somente disse “eu já sabia!”. Valeu pela força, isto sim são amigos “instantâneos” e que espero reencontrar em outras provas.


E por falar em amigos, algumas fotos das personalidades da corrida (que pena que não encontrei todos que conheço, mas não vai faltar oportunidade):


A colega Mayumi do Running Kitigai, que estava hospedada no mesmo hotel que eu, as corredoras Márcia e Elizângela que completaram os 21 K.


Taí um cara que admiro pelas fotos na Contra Relógio (sou fotógrafo amador) e pela garra nas corridas, Marcos Viana Pinguim.


Duas personalidades, colegas de verdade, Tutta do Correndo Corridas e Jorge Cerqueira do JMaratona.

E que pena que meu vizinho Alessandro do Correndo Que Me Entendo, também hospedado no hotel só tomou café da manhã com a turma e depois não conseguimos nos ver novamente para tirar uma foto, mas a gente se encontra nas próximas.

E agora, próxima corrida? Corrida, qualquer uma. Desafio de verdade, aguarde notícias.

Vai fazer a maratona parecer uma voltinha no parque...


(O título do post “Como Água” foi aproveitado do filme do Anderson Silva e é inspirado numa citação de Bruce Lee, ídolo do campeão, que diz que um praticante de artes marciais deve ser "como água", sem forma, facilmente adaptável a qualquer ambiente... igualzinho aos corredores de ontem no meio do aguaceiro!)

terça-feira, 3 de julho de 2012

Virada Esportiva: 1 final de semana, 2 desafios!

Se correr o bicho pega, e se ficar de bobeira não corre. Este é o lema de quem vive fuçando a Internet atrás de eventos de corrida e afins, como é o meu caso. E por sorte, neste último final de semana tivemos a Virada Esportiva 2012, promovida pela Prefeitura de São Paulo e com diversos eventos gratuitos, entre eles 2 sensacionais corridas, uma Ultramaratona de 24 horas na Pista e um Mini Corrida Vertical. Em qual eu fui? Nas duas, é claro!

Vai correr agora ou quer que embrulha pra viagem?

Resumindo: é o freguês quem escolhe o quanto vai percorrer na pista de atletismo do PET – Parque Esportivo dos Trabalhadores, de 400 metros até onde as pernas aguentarem durante no máximo 24 horas. Quando eu vi o anúncio da corrida já imaginava que nem Jack Bauer enfrentaria 24 horas seguidas correndo em círculos, mas como era possível escolher a quilometragem e sabendo da proximidade da Maratona do Rio, coloquei meus humildes 10 Km na inscrição. Chega quando quiser, sai quantas vezes quiser até cansar, e quem for ultra pode ficar lá queimando o chão o quanto aguentar.


O problema é que eu pretendia correr neste que seria o último final de semana antes da maratona, uma distância simbólica, tipo 28 Km para ter a confiança de ter corrido o equivalente a 2/3 da prova, mas não sabia se iria ter paciência para ficar dando tantas voltas assim em uma pista. Saí para os tradicionais 14 Km de sábado pela manhã e à tarde fui para a corrida, pretendendo correr só 25 voltas (10 Km), mas acabei me empolgando e aumentei para 35 voltas (14 km), totalizando assim o volume esperado. Só que eu sou meio tapado e perdi a conta das voltas, correndo
14.800 metros, ou seja, meu cérebro tosco perdeu a conta de 2 voltas a mais. Afinal, estava divertido e eu gostei de ficar girando na pista, inclusive peguei uma das inversões de sentido, o que ajudou a dissipar o tédio.

A prova foi muito bem organizada, hidratação com água e Gatorade, animada e prometia muitas surpresas pela madrugada, mas eu ainda tinha outro compromisso no dia seguinte...

Putz, escadas, de novo!

Na semana que antecedia tal corrida 24 horas, uma pequena matéria na web informava que haveria uma corrida vertical no prédio da Câmara dos Vereadores de São Paulo Pensei, “isto vai ser uma roubada” (no sentido esportivo, é claro), mas acabei fazendo a inscrição assim mesmo. Batizada de “Mini Corrida Vertical”, eu queria entender quem foi o gênio que acha que subir 14 andares pode ser considerado “mini” qualquer coisa. Tudo bem que da outra vez foram 31 e 24 andares nas outras corridas verticais, mas menosprezar o desafio é bobagem, afinal, escada é escada!

Não imaginando participar de outro evento desses tão cedo, eu voltei a treinar nos últimos dias, ou seja, subindo sempre que podia pelas escadas do Metrô, prédio, trabalho, etc. Pode parecer frase de livro de autoajuda, mas na última semana, “cada escada era uma oportunidade”, de treinar pelo menos. Estava decidido: iria botar em prática a estratégia de subir de 2 em 2 degraus, coisa fácil para o comprimento das minhas pernas, então subi vários lances de escada desta forma, para espanto de alguns passageiros desembarcando no Metrô.

No dia da prova, tudo muito bem organizado, largada em grupos de faixas etárias e liberação individual de cada atleta a cada 20 segundos. Chegou minha vez, e lá vou eu. Só que no 2º. andar a estratégia for por água, ou melhor, escada abaixo. A escadaria do Palácio Anchieta é circular e anti-horária, ou seja, os degraus mais externos são mais largos que os internos. Como eu estava mais preocupado em não atrapalhar os demais, fiquei no lado externo, e as pernas não aguentaram as altas esticadas necessárias para cobrir as distâncias. O ritmo caiu e eu fui bem mais lento que o esperado, finalizando os 14 andares em 03:48.

Chegada em alto estilo no heliporto, com faixa e medalha no pescoço,
e ainda encontrei o Alessandro (4º. Lugar, parabéns!) do blog Correndo Que Me Entendo e seus colegas, todo mundo bem animado e contando suas peripécias escada acima.

Tudo muito bem organizado e seguro, excelente trabalho da Corre Brasil, que organiza a Maratona de Blumenau e a Corrida Vertical em Curitiba.


Cavalo dado não se olha a medalha

Sua avó deve ter te ensinado a não criticar o que é dado de presente, e no caso dos eventos promovidos pela Prefeitura de São Paulo na Virada Esportiva, só posso dizer que a população realmente merece este tipo de presente uma vez por ano (poderia ser mais...). Só que eu tenho uma crítica, que refere-se à divulgação dos eventos, que nem sei se pode ser chamada de “divulgação”. Eu que vivo enfiado em sites de corridas e esporte tive dificuldade em saber de tudo que seria oferecido, e acabei deixando de participar de mais uma etapa da Travessia Guarapiranga que aconteceria no domingo. Se tudo é planejado com antecedência, por que não divulgar mais cedo e preencher melhor as vagas dos eventos? Afinal, as pessoas tem seus planejamentos.


Mas valeu a pena assim mesmo. Espero que estes eventos ganhem cada vez mais força e que as próximas administrações mantenham a Virada Esportiva no calendário da cidade.